A epifania da dor

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

         Ela chorou. Chorou como se todo o seu ser fosse se desmanchar em lágrimas. Chorou como se toda a sua tristeza estivesse dissolvida em suas lágrimas e saíssem do seu corpo junto com elas, e a dor não mais existiria após seu pranto. Chorou e esqueceu que a vida continuava, como se o mundo tivesse parado para esperar que ela terminasse, ou como se as lágrimas fizessem com que o tempo voltasse, e a causa do seu choro nunca tivesse existido... Suas lágrimas jorraram, de forma tão impulsiva como o pus que esprememos, pois está incomodando no nosso corpo, e precisa ser eliminado imediatamente. Soluçou quase como que ritmando com as canções mais tristes já feitas. Até que um momento ela percebeu que não, aquilo não ia resolver, e o mundo não iria parar para ouvi-la.
          Foi então que ela teve que tomar uma decisão. Decidir enfrentar tudo, o mundo a todos, mas principalmente a si mesma, e continuar a viver, ou simplesmente chorar e se fechar em seu casulo... Foi nesse momento que ela percebeu que a vida não é bela, pelo contrário, pode ser bem cruel, e, definitivamente, nem sempre as pessoas são o que pensamos e as coisas não são como queremos. Mas ela é bem pior quando não encaramos isso e tentamos torná-la um pouco melhor.

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